domingo, 7 de dezembro de 2008

O Conhecimento

Introdução:

Conhecimento, hoje existem vários conceitos para esta palavra e é sabido por todos que conhecimento é aquilo que se conhece de algo ou alguém, mas esta definição é muito genérica e aplica-se a todo e qualquer conhecimento.
Para que se possa definir com melhor base o conhecimento seria correto afirmar que conhecimento é a necessidade de se adquirir um saber a respeito de algo através da razão, reflexão e ciência, com a finalidade de entendimento aprofundado deste algo.


Conhecimento da Natureza:

O termo conhecimento da natureza se refere a possibilidade de estudo dos fenômenos naturais que compõe o universo. Consiste em estudar as leis e os componentes da natureza através do entendimento de aspectos físicos fazendo uso de métodos científicos ou empíricos com a finalidade de se chegar a dados precisos em relação ao que chamamos natural.
Nos dias de hoje as ciências que estudam a natureza são a biologia, astronomia, botânica, zoologia, física geologia e química. Pode-se se dizer quer estas são as principais ciências que estudam a natureza derivando destas muitas outras que fazem aplicação destes conhecimentos para compreensão da natureza,como exemplo a medicina.
O objetivo principal das ciências naturais e entender os fenômenos naturais para poder controla-los com o uso da razão.


Conhecimento da Humanidade:

O termo conhecimento da humanidade nos remete ao interesse em conhecermos o ser humano, não só como ser biológico mas como indivíduo e ser social inserido em todos os contextos que compõe a vida humana.
É a possibilidade de investigar a vida humana e suas atividades.
As ciências humanas, através de uma verificação racional, sistemática e imparcial aplicam o conhecimento para estudar a humanidade visando compreensão de todos os nuances que compõe a vida humana.
Dentre as ciências que estudam a “humanidade”, podemos citar como as mais importantes: a sociologia, psicologia, antropologia, historia, ciência política pedagogia, filosofia e direito. Estas ciências, cada qual em seu campo de estudo, tentam explicar o ser humano com intúito de gerar o aprimoramento dos indivíduos em todos os aspectos de vivências dos mesmos.


Conhecimento Filosófico:

O conhecimento filosófico tem por origem a capacidade de reflexão do homem usando somente o raciocínio. Como a Ciência não é suficiente para explicar o sentido geral do universo, o homem tenta essa explicação através da Filosofia. Filosofando, ele ultrapassa os limites da Ciência delimitados pela necessidade da comprovação concreta para compreender ou interpretar a realidade em sua totalidade.
Mediante a Filosofia estabelecemos uma concepção geral do mundo.
tendo o homem como tema permanente de suas considerações, o filosofar pressupõe a existência de um dado determinado sobre o qual refletir, por isso apóia-se nas ciências. Mas sua aspiração ultrapassa o dado científico, já que a essência do conhecimento filosófico é a busca do “saber” e não sua posse. Tratando de compreender a realidade dos problemas mais gerais do homem e sua presença no universo, a Filosofia interroga o próprio saber e transforma-o em problema. É, sobretudo, especulativa, no sentido de que suas conclusões carecem de prova material da realidade. Mas, embora a concepção filosófica não ofereça soluções definitivas para numerosas questões formuladas pela mente, ela se traduz em ideologia. E como tal influi diretamente na vida concreta do ser humano, orientando sua atividade prática e intelectual.


Conhecimento Científico:

O conhecimento científico é fáctico. Parte dos fatos, respeita-os até certo ponto e sempre retorna a eles. A ciência procura descobrir os fatos tais como são, independentemente do seu valor emocional ou comercial. Em todos os campos, a ciência começa por estabelecer os fatos.
Não há ciência sem análise, mesmo quando a análise é apenas um meio para a reconstrução final do todo.
O conhecimento científico racionaliza a experiência, em vez de se limitar a descrevê-la; a ciência dá conta dos fatos, não os inventariando, mas explicando-os por meio de hipóteses (em particular, enunciados e leis) e sistemas de hipóteses (teorias).
O Principal aspecto a ser levado em conta em relação ao conhecimento científico é que qualquer resposta científica encontrada tem de necessariamente poder ser repetida sob as mesmas condições.






Ciências Jurídicas:

As ciências jurídicas estão diretamente relacionadas às ciências humanas pois seu principal objetivo é o estudo da conduta humana em sua dimensão social e individual.
O Direito estuda as normas que irão reger esta conduta humana, levando em conta sua aplicabilidade, seu valor e sua eficácia no ser humano. Sendo assim a área do conhecimento a qual estão relacionadas as ciências jurídicas só pode ser a do conhecimento da humanidade, pois na há qualquer relação aos objetos de estudo das ciências naturais.


Conclusão:

Ao realizar este trabalho o conhecimento por mim utilizado foi, tanto o conhecimento cientifico quanto o filosófico.
Fiz uso do conhecimento cientifico ao utilizar método de pesquisa, metodologia de elaboração e construção de texto e uso de raciocínio cientifico para responder as questões. Já o conhecimento filosófico foi usado na forma de reflexão dos dados por mim coletados para que fosse possível construir um pensamento e apresenta-lo de forma clara e concisa.

Um Pouco de Kant

KANT, O Céu Estrelado Sobre Mim e a Lei Moral Dentro de Mim



Vida:

Immanuel Kant nasceu, viveu e morreu em Könegsberg, uma cidade da Prússia oriental. Nasceu em 1724; era filho de um seleiro e de uma dona de casa, ambos de religião Protestante Pietista. Passou a maior parte de sua vida lecionando, primeiramente como professor particular da elite de Könegsberg e após como Professor Doutor na Universidade de Könegsberg.
A vida de Kant, segundo afirmam, foi como um relógio devido ao fato de Kant ser sujeito extremamente metódico e disciplinado. Dedicou toda sua vida ao estudo e ao meio acadêmico, criando obras filosóficas que perduram como contribuição para evolução do pensamento nas mais diferentes áreas do saber.
Kant transitou por várias áreas do conhecimento. Aos 16 anos se interessou pela Teologia, dedicando-se aos estudos e proferindo sermões em sua paróquia. Já aos 21 anos inicia seus estudos de matemática e física interessando principalmente pelas obras de Isaac Newton, e foi nesse período que iniciou sua primeira obra intitulada “Idéias sobre a Maneira Verdadeira de Calcular as Forças Vivas".
Em 1755, agora com 31 anos, Kant após um período em que se desligou dos estudos universitários por motivos financeiros, inicia novamente estes estudos e adquire o título de Doutor com a obra “Sobre o Fogo. Com a conclusão desta obra Kant inicia seu período de estudos filosóficos, argumentando sobre a maneira aristotélica com que os corpos agem uns sobre os outros através de uma matéria sutil que seria de substância básica composta de calor e luz.
Com o título de Doutor Kant é convidado a lecionar em sua cidade sobre matemática, lógica, metafísica e filosofia moral, com isso Kant começa a produzir muitas obras e seu prestigio como filósofo original cresce vertiginosamente.
Manteve-se na posição de professor por mais 27 anos (1797), ano em que se desliga da carreira e continua apenas como escritor até 1804, quando vem a falecer. Suas últimas palavras segundo historiadores foram “Isso é bom”.


Obra:

Kant foi um filósofo que se preocupou tanto com questões naturais quanto sociais. Ele afirmava que nossos conhecimentos advinham dos sentidos, mas acreditava também que nossa razão continha pressupostos importantes e que moldavam o modo como percebemos o mundo através dos sentidos. Afirmava que existia uma verdade parcial na percepção dos sentidos e que essa verdade era completada quando fazíamos uso da razão para entendermos de forma mais plena o que era por nós assimilado.
O filósofo Kant também desenvolveu estudos sobre a moral criando quatro obras de grande peso filosófico, são elas: Fundamentação da metafísica dos costumes, Crítica da razão prática, Crítica da Razão Pura e Metafísica dos costumes. Nestas obras Kant afirmava que através da critica é que podemos chegar a um conhecimento legítimo das coisas e de nós mesmos, pois ao contrario de Hume que acreditava em constatações apenas empíricas, Kant tomava como princípio os conhecimentos a priori, dizendo que, por exemplo, para constatar que um boi é maior que um carneiro basta olhar ( ai esta o conhecimento a priori), mas que para realmente termos certeza que os sentidos não nos estão engandando, deve-se medir ambos carneiro e boi para assim com o uso da razão fazer a verdadeira constatação do fato.
Em seus estudos sobre a moral e a possibilidade de entendimento das coisas através da constatação de fatos pelos sentidos e razão Kant chega ao chamado “Imperativo Categórico” que é: “Age de tal modo que a maxima de tua ação possa se tornar princípio de uma legislação universal”.
Em seus estudos sobre a moral pode-se relacionar sua preocupação com a área jurídica, tendo em vista o desenvolvimento de teorias de pensamento passiveis de se analisar aspectos relevantes a questões de difícil entendimento na área do Direito.
É válido ressaltar, também um grande acontecimento histórico que influenciou o pensamento de Kant, sendo este a Revolução Francesa que fez com que Kant se manifestasse favorável ao Iluminismo, inclusive escrevendo alguns artigos em defesa das idéias iluministas.


Conclusão:

As idéias de Kant são de enorme contribuição para os dias atuais pois este filósofo nos ensina a possibilidade de uma profunda analise crítica em relação ao mundo, seus costumes e regras vigentes.
As Obras de Kant contribuem de maneira a direcionar o ser humano para uma moral mais universal onde as ações devem se basear na constante observação para o aprimoramento das relações e conceitos e o aumento da capacidade de pensar com finalidade de adquirir um conhecimento aprimorado em relação a si e ao mundo.
Por fim Kant pôde contribuir para uma melhora nas relações entre Estado e cidadão e cidadão e Estado fazendo com que ambos focassem aspectos relevantes a moral e a ética para a prática de uma crítica construtiva das relações que visassem o crescimento de ambos.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

FETO ANENCÉFALO (Um Estudo De Caso)

Introdução:

O presente trabalho tem como finalidade desenvolver um estudo de caso sobre a discussão da possibilidade normativa de viabilização de aborto para fetos anencéfalos. Aqui serão analisados aspectos jurídicos, médicos, filosóficos e psicológicos levando-se em conta as opiniões favoráveis e desfavoráveis relacionadas ao tema do aborto a fetos anencéfalos.
Gostaria de iniciar o estudo ressaltando o depoimento da parte que supostamente seria a mais interessada no desfecho de polêmico tema:

“Foram os piores anos de minha vida, pois uma das coisas mais importantes deste período é o vínculo de amor e carinho que nós estabelecemos com o ser que está ali dentro de nós. Só a mãe sabe como é esse sentimento. Durante os sete meses restantes, vivi brigando com tal sentimento que teimava em não ser indiferente, pois imaginava que, se conseguisse não estabelecer o vínculo, sofreria menos. Foi uma experiência que nenhuma mãe deseja viver. Minha filha tinha um rosto lindo, mas faltava o osso que reveste o cérebro, a anencefalia. Os pediatras aconselharam não alimentá-la para que o tempo de vida não se prolongasse. Não tive condições psicológicas de cuidar de minha filha; ela viveu cinco dias porque minha sogra desobedeceu à recomendação médica e a alimentava. Entretanto, segundo me informou, era visível o desconforto da criança que não tinha ânimo nem para chorar; esboçava uma gesticulação intermitente e desconexa. Aí se foram as duas primeiras oportunidades de ter um filho. Insisti numa terceira gravidez e nesta não conseguia acreditar que tudo estava bem e, novamente, me esforcei para não amar tanto o meu filho. Não comprei uma fralda; não fiz o enxoval e nunca me dirigi ao feto com medo de mais uma perda. Eu sabia que não suportaria. Graças a Deus, tudo deu certo. Por tudo isso que acabo de testemunhar – e é a primeira vez que tenho coragem de fazer isso – peço que ajudem muitas mulheres a se darem a si próprias a oportunidade de ter um filho saudável com vida pois não se pode falar em vida do anencéfalo. Que vida? Somente intra-uterina”.(Depoimento de uma mãe retirado da internet).

O tema em questão permanece sob discussão em vários setores da sociedade, tanto políticos e sociais, como religiosos, mas a questão relevante a este estudo diz respeito à relação jurídica ao qual o tema do aborto a anencéfalos esta envolvido. O supremo Tribunal Federal (STF) viu-se frente a esta questão e vem sendo colocado por trazer uma resolução para o problema.
Tem-se, então, no atual momento a possibilidade de fazer uso da ciência jurídica como foco principal de pensamento juntamente com outras ciências visando a possibilidade de um estudo crítico do tema do aborto aos anancéfalos.


Anencefalia:

A anencefalia caracteriza-se pela ausência de uma grande parte do cérebro, pela ausência da pele que teria de cobrir o crânio na zona do cérebro anterior, pela ausência de hemisférios cerebrais e pela exposição exterior do tecido nervoso hemorrágico e fibrótico. Ela ocorre entre o vigésimo terceiro ao vigésimo sexto dia de gestação. A Criança nasce cega, surda e sem consciência, podendo viver no máximo alguns dias após o parto.
A definição remete ao fato de a criança pode vir a viver alguns dias após o parto e em um caso extremo uma criança anancéfala chegou a viver durante 1 ano 8 meses e 12 dias de vida vindo a falecer por complicações pulmonares.
O quadro clínico de anencefalia se caracteriza por uma completa impossibilidade de continuação da vida após o nascimento. Sendo assim a possibilidade de permanêcia com vida de todos os anencéfalos esta fadada ao fracasso, a morte é certa e inevitável.
A identificação de fetos anancéfalos se da através da ecografia que é um exame de diagnóstico por imagem realizado por médicos visando avaliar aspectos clínicos da vida intra-uterina.
Sendo assim pode-se entender que quando a anencefalia é diagnosticada os pais irão receber o diagnóstico de um ser que não completará o ciclo de vida, nascimento, desenvolvimento e morte pelo qual a maioria do seres humanos atravessa.


Aspectos Psicológicos:

Pais de filhos anencéfalos enfrentam a difícil situação de saber que seu filho(a) não viverá. Com isso a situação psíquica dos pais inicia um processo de tentativa de assimilação do fato em questão para poder ter de volta o que a psicologia chama de estado de equilíbrio psíquico. Inicia-se um gasto excessivo de energia mental para “por em ordem” o desequilíbrio ao qual a mente esta sendo colocada.
O processo de ser pai e mãe inicia-se psiquicamente, antes mesmo da concepção através de planos e aspirações para o filho vindouro, são criadas expectativas muitas vezes tão grandes que a imaginação da forma e energia ao processo psíquico ao qual os pais estão engajados e que no interior de sua mente esta criança já existe, tem nome, sobrenome, viverá de tal forma, terá tais coisas etc. Sendo assim todo um processo psicológico é colocado em prol de outro que virá.
Quando os pais recebem a notícia de que terão um filho anencéfalo estes sonhos, aspirações e construções mentais “desabam”, tornando extremamente difícil um equilíbrio emocional em curto prazo. Podendo vir a restabelecer-se em longo prazo tomando-se as medidas necessárias a este restabelecimento.



Aspectos jurídicos:

Um Estado Social e Democrático de Direito, com compromissos assumidos com a dignidade da pessoa humana, com a cidadania e com o pluralismo político e religioso deve sempre estar atento as questões concernentes ao bem-estar social e as “demandas” de resposta as quais a população exige em assuntos polêmicos como a anencefalia. Porém não é obrigação do Estado trazer todas as respostas aos assuntos de cunho moral e filosófico que circundam os debates da sociedade.
O aborto aos anancéfalos nos remete a verificar a lei 128 do Código Penal que diz que só será permitido aborto quando não houver meios de salvar a gestante, e o aborto ético, no caso de gravidez resultante de estupro. Assim temos que a lei vigente hoje não permite o aborto a anencéfalos e se o aborto a anencéfalos for realizado será crime passível de reclusão.
A obrigação do Estado é exigir o cumprimento da lei e a do cidadão é cumpri-la. Chega-se, então, ao foco da questão jurídica do aborto a anencéfalos: Deve o Estado realizar uma releitura da lei do Aborto com fins de incluir o aborto a anencéfalos ou deve procurar outras formas de resolver o problema? O fato é que o Estado deve, sim, dar uma resposta para o problema, pois é de sua responsabilidade avaliar a questão e seus pormenores de forma a trazer a melhor solução visando à harmonia em coletividade.


Considerações Filosóficas:

Analisar-se-ão agora uma série de pormenores advindos das considerações acima colocadas. A anencefalia esta relacionada ao fato de ser uma malformação do feto que é relativa a um determinismo biológico, considerando que este determinismo é fruto, também de ações do ser humano. Já é sabido que dentre os fatores que levam a anencefalia podemos citar a falta de ácido fólico no organismo da gestante; o uso de anticoncepcionais, anticolvulsiovantes e drogas antimetabólicas que contribuem para a diminuição de absorção de ácido fólico que resulta em uma probabilidade maior de chances de se ter um filho anencéfalo. Sabe-se também que mães subnutridas, usuárias de drogas e outros produtos tóxicos tem, também maior chance de virem a ter filhos anencéfalos.
Observa-se que mesmo o pouco que se sabe em relação a esta malformação, é que a mesma esta relacionada a problemas sociais como fome, uso de entorpecentes, falta de vitaminas e baixo acesso a tratamentos médicos. Estes fatos remetem a pensarmos nas “obrigações” do Estado para com o cidadão.
Os aspectos clínicos de ocorrência da anancefalia já foram colocados, já foram citados, no caso de ocorrência da malformação, os enfrentamentos psicológicos aos quais a mãe terá de passar e novamente depara-se com mais uma “obrigação” do Estado; a de dar amparo psicológico a estas mães.
Neste momento a análise nos remete em pensarmos nestas mães, e o fato de que tudo isso poderia ser evitado se simplesmente fosse permitido o aborto nos casos de anencefalia, mas o principal aspecto crítico a ser levantado diz respeito à responsabilidade tanto do Estado quanto dos cidadãos em relação à questão, e este aspecto é o fato de que nenhum problema é solucionado retirando-se o filho malformado e esperando a solução vir a acontecer sem esforço.
É sabido que o ser humano adquire conhecimento, soluciona problemas e cria novas formas de viver sempre que algo lhe incomoda, isto é, o ser humano só faz gasto de sua “energia” quando percebe que necessita resolver problemas. O que esta se querendo afirmar é que o fato de permitir o aborto ao anencéfalo fará com que outras possíveis soluções deixem de serem pensadas, que outras obrigações do Estado possam deixar de ser compridas e que o avanço científico e tecnológico na área da anancefalia possa estacionar.
O sofrimento tem a função de empurrar o ser humano a agir e esta ação é a força motriz que nos faz encontrar o propósito dos valores, do conhecimento e das alegrias. O propósito deste estudo, nem de longe, tem o objetivo de ser doutrinário para as nossas ações como seres humanos, mas tem o objetivo de refletir sobre questões mais profundas que envolvem o tema do aborto a anencéfalos.





Conclusão:

O ser Humano evolui, isto é um fato, alguns podem não concordar afirmando que a humanidade está cada vez pior, mas sabe-se que muito foi apreendido ao longo da história humana e que este aprendizado ficará como legado para as novas gerações. A problemática gerada pela discussão da anancefalia levará muitos a pensarem em soluções e isso é necessário para que continuemos evoluindo sempre. Os resultados dessa busca por respostas farão com que o nível de sapiência cresça sempre.
São muitos os problemas aos quais nos defrontamos ao longo de nossa existência e muitos deles são resolvidos, o problema da anencefalia é mais um, dentre tantos, é não é intenção aqui, menosprezar esse problema, mas sim fazer entender que é um problema a ser pensado, pesquisado em todas as áreas, não só a jurídica mas todas as áreas do conhecimento para que se possa encontrar a solução que eleve o conhecimento, o bem-estar social e a melhoria do Estado e dos cidadãos em todas os aspectos envolvidos nesta questão.
A resposta a ser dada neste trabalho é que o Estado não deve decidir a favor do aborto e sim a favor de leis que privilegiem o crescimento da sociedade.

domingo, 15 de junho de 2008

Dependência Química

Dependência Química:
Entendimento, Tratamento e Sobriedade:


Bruno Krüger Pontes


Introdução:

“Oi meu nome é F., tenho 27 anos, casado tenho uma filhinha linda de 1 ano e 9 meses..sou usuário de cocaína há 8 anos...nunca conversei com ninguém a respeito do meu problema, nem com minha esposa. Eu nunca admiti pra ela que sou dependente químico,só Deus sabe como eu desejo largar essa porcaria, eu tento, tento e no final a cocaína sempre me vence, hoje estou num estado que já não tenho mas forças pra lutar contra.Por isso estou aqui pra pedir ajuda pra alguém que talvez já passou por isso também. Já não sei mas o que faço, minha esposa não agüenta mais me ver drogado quase todos os dias e noites; estou quase perdendo minha família que amo muito, POR FAVOR ME AJUDEM...muito obrigado!” (Depoimento de um dependente químico).
Dependência química, toxicomania, adição, drogadição, vício. São todos termos para designar um problema; um mal que aflige milhões de pessoas no mundo todo e que nos dias atuais se tornou um dos principais problemas de saúde, talvez maior até que AIDS e câncer.
As drogas sempre estiveram presentes em nossa história, desde a antiguidade até os dias de hoje, mas quais os benefícios e os males que esse elemento chamado comumente de droga pode trazer ao ser humano? Quais são seus efeitos, a nossa saúde física e psíquica? Que são e quais são as drogas hoje, quais seus efeitos e porque tamanho número de pessoas recorre a esse elemento e com quais finalidades?
Quem é o usuário de drogas, que o levou a fazer o uso, porque “vicia”? Existe tratamento para o uso abusivo de drogas?
Quais são as propostas da Psicologia para elucidar e resolver os problemas que envolvem a dependência de drogas?
Este trabalho visa tentar elucidar questões relativas ao uso abusivo de drogas tanto lícitas como ilícitas; visa também nortear os que vivem em contato direto ou indireto com este problema.


As Drogas:

A palavra droga é usada cotidianamente pela maioria das pessoas para expressar seus pensamentos e idéias, e esta palavra geralmente esta associada a algo de ruim, que não serve ou não presta. No dicionário a palavra droga esta definida como “coisa de pouco valor, algo sem bom resultado e relacionado a fracasso”. No caso deste texto a droga a qual nos referimos é “a substância que, introduzida em um organismo vivo, pode modificar uma ou mais de suas funções” (definição da ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE).
A substância comumente chamada de droga é dividida em duas categorias:
Drogas Lícitas: São aquelas legalmente produzidas e comercializadas (bebidas alcoólicas, tabaco, medicamentos, inalantes, solventes, etc..), sendo que a comercialização de alguns medicamentos é controlada, pois há risco de causar dependência física / psíquica.
Drogas Ilícitas: São aquelas substâncias cuja comercialização é proibida por provocar altíssimo risco de causar dependência física e/ou psíquica (cocaína, maconha, crack, ecstasy, LSD, heroína, etc.).
Para que possamos entender melhor os nomes, de onde vieram, para qual finalidade foram criadas e como se tornaram tão populares estas drogas faz-se necessário um breve histórico sobre as mesmas.
A idéia de que o consumo de drogas é um fenômeno recente demonstra ser um equívoco. Sua presença revelou-se de múltiplas formas em diferentes sociedades ao longo da história do homem.(LAMBDA, 2003).
As primeiras civilizações de que se tem notícia já faziam uso de plantas alucinógenas para fins ritualísticos,Homero em “Odisséia”, menciona as drogas como algo “que faz esquecer o sofrimento”.
O ópio, (droga derivada da planta papoula) de propriedade sedativa, era usado em larga escala na Ásia, Europa e até no Brasil onde era vendido como xarope nas farmácias com a finalidade de sedativo para crianças “nervosas”. Foi também a droga que gerou um grande conflito entre 1839 e 1842 e outro entre 1856 e 1860 que se verificaram entre a Grã-Bretanha e a China.
No Egito antigo existem achados arqueológicos que demonstram o processo de se fazer cerveja; na Grécia e Roma o vinho era um dos principais produtos de importação e exportação e geração de renda.
Estes exemplos têm finalidade apenas de demonstrar o quão antigo é o consumo de drogas no mundo. Mas devemos nos ater a historia recente das drogas pois é desse estudo que se pode tirar o principal aspecto a ser focado que é o problema da dependência hoje.
As drogas a partir de 1900 começaram a ser tornar populares, isto é, acessíveis a todos e a todas as camadas da população, tanto na forma de remédios como através da venda ilegal das mesmas. A população começou a consumir mais drogas com os mais variados objetivos, desde o alivio do sofrimento físico ou até por pura recreação, este consumo também se dava desta forma em outras épocas da história mas não da forma e intensidade que se deu após 1900. As indústrias farmacêuticas nessa época eram capazes de produzir uma quantidade enorme de substâncias psicoativas, e as pesquisas por novas substâncias eram constantes, sendo assim até hoje. Em 1898 a empresa farmacêutica Bayer começa a produção comercial de heroína usada contra tosse.1956, os EUA banem todo e qualquer uso de heroína. Em 1905 cheirar cocaína torna-se popular. Os primeiros casos médicos de danos nasais pelo uso de cocaína são relatados em 1910. Em 1914 cocaína é banida dos EUA. Em 1942 o governo dos EUA estima em cinco mil as mortes relacionas ao uso abusivo da cocaína. Nos anos setenta o uso de cocaína passa a ser “glamorizado”, usar cocaína era sinônimo de status social. A indústria farmacêutica alemã Merck registra o MDMA (princípio ativo do ecstasy) como redutor de apetite. 1953, o exército americano realiza testes com ecstasy em animais, o objetivo era investigar a utilidade do agente em uma guerra química. Após ser sintetizado em 1965, época em que o esctasy começou a ser usado em segredo por psicoterapeutas o uso recreativo de ecstasy ganha as ruas e em 1984 a droga é proibida no EUA e inserida na categoria dos psicotrópicos mais perigosos. Na década de trinta inicia-se um movimento de proibição da maconha que alcança praticamente todos os países do ocidente.A Holanda libera a venda de maconha em bares coffee-shops em 1984.
No Século dezenove, surgem os charutos e cigarros. Até então, o tabaco era fumado principalmente em cachimbos e aspirado na forma de rapé. Entre 1950 e 1960 os cientistas fazem as primeiras descobertas da relação do fumo com o câncer de pulmão.
O químico suíço Albert Hofmann ingere, por acidente, uma dose de LSD-25, substância que havia descoberto em 1938. Com isso, ele descobre os efeitos da mais potente droga alucinógena. O LSD é proibido nos EUA. Seus maiores defensores, como os americanos Timothy Leary e Ken Kesey, defensores do uso do alucinógeno para fins espirituais, começam a ser perseguidos.
O que se observa hoje é a grande quantidade de drogas disponíveis no “mercado”, a grande variedade de preços, e isso deve ser levado em conta pois reflete na questão de que o giro de capital relacionado tanto ao tráfico de drogas quanto a venda de drogas lícitas é enorme, e há quem afirme que as drogas hoje respondem como a segunda maior rentabilidade do mundo perdendo apenas para o petróleo, mas estes são dados impossíveis de serem confirmados devido a forma ilegal de como a droga é comercializada.
De acordo o Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC) estima-se que 205 milhões de pessoas no mundo todo usem algum tipo de droga, ilícita ou não. A mais comum é a maconha, seguida das anfetaminas, cocaína e os derivados do ópio, como a morfina.


A Dependência Química:


A dependência de drogas é uma questão muito abrangente e possui vários fatores que devem ser levados em conta para que possa ser explicado corretamente como ocorre a dependência e quais os fatores que propiciam o surgimento da dependência de drogas.
Apesar de existir uma enorme variedade de explicações teóricas para a dependência de drogas, há um conceito unânime: dependência é uma relação alterada entre um indivíduo e seu modo de consumir uma substância. Essa relação alterada é capaz de trazer problemas para o seu usuário. Muitos indivíduos, porém, não apresentam problemas relacionados ao seu consumo. Outros apresentam problemas, mas não podem ser considerados dependentes. Por último, mesmo entre os dependentes, há diferentes níveis de gravidade.
Portanto, buscar um conceito sobre dependência a substâncias psicoativas não se completa pela constatação de sua presença ou ausência. Mais do que saber se ela está lá, é preciso identificar e determinar seu grau de desenvolvimento. Além disso, é preciso entender como os sintomas observados são moldados pela personalidade dos indivíduos e pelas influências sócio-culturais.
O conceito atual dos transtornos relacionados ao uso de álcool e outras drogas rejeitou a idéia da existência apenas do dependente e do não-dependente. Existem, ao invés disso, padrões individuais de consumo que variam de intensidade e gravidade.
Não existe um consumo absolutamente isento de riscos. Quando este é comedido e cercado de precauções preventivas, é denominado consumo de baixo risco. Quando o indivíduo apresenta problemas sociais (brigas, faltas no emprego), físicos (acidentes) e psicológicos (heteroagressividade) relacionados estritamente àquele episódio de consumo, diz-se que tais indivíduos fazem uso nocivo da substância. Por fim, quando o consumo se mostra compulsivo e destinado à evitação de sintomas de abstinência e cuja intensidade é capaz de ocasionar problemas sociais, físicos e ou psicológicos, fala-se em dependência.
A Organização Mundial de Saúde reconhece as dependências químicas como doenças. Uma doença é uma alteração da estrutura e funcionamento normal da pessoa, que lhe seja prejudicial. Por definição, como o diabete ou a pressão alta, a doença da dependência não é culpa do dependente; o paciente somente pode ser responsabilizado por não querer o tratamento. Exatamente da mesma maneira que poderíamos cobrar o diabético ou o cardíaco de não querer tomar os medicamentos prescritos ou seguir a dieta necessária. Dependência química não é simplesmente "falta de vergonha na cara" ou um problema moral.
A dependência de drogas é uma doença incurável. Incurável porque para o dependente químico não existe a possibilidade de a doença simplesmente desaparecer como no caso de uma gripe que através do uso de medicamentos e repouso o vírus abandona o corpo, ela é uma doença bio/psico/social, isto é, engloba fatores de predisposição genética, fatores psicológicos e culturais. O que existe é tratamento para interrupção do uso e reestruturação psíquica para que o sujeito possa novamente viver de forma saudável e participativa controlando a doença através de abstinência e progressivo aprimoramento psíquico, moral e social.
É uma doença progressiva, quanto mais drogas se usa mais dependente vai-se tornando e quanto maior o tempo de uso maior é o grau de dependência. É também uma doença fatal, pois as drogas destroem o corpo humano causando inúmeros males ao usuário e estes males levam-no a morte.
A dependência química então é uma doença incurável progressiva e fatal, mas que com tratamento adequado pode ser interrompida para que o sujeito possa viver novamente uma vida de sobriedade.


O Dependente Químico:

Iremos agora analisar quem é o sujeito que faz o uso abusivo de drogas, aquele que segundo as classificações acima se enquadra no perfil de dependente químico.
O dependente químico é o usuário de drogas que perdeu ou nunca teve controle sobre o uso de substância. Ele é um escravo a serviço do efeito que a droga produz em seu corpo. Mas como começa esta escravidão e quais as “etapas” que levam a uma pessoa a se tornar vitima de sua própria autodestruição moral, física e psíquica?
Varias pesquisas foram realizas para identificar o que leva uma pessoa a fazer uso de substâncias que prejudicam sua integridade como ser humano e varias foram as respostas encontradas, mas ainda não existe um consenso sobre o tema, o que se sabe é que a maioria dos usuários tem seus primeiros contatos com drogas no ambiente em que supostamente estariam mais seguros, dentro de casa.
O exemplo de uso de substâncias vem da família. As crianças desde muito pequenas, através dos pais começam a experimentar remédios que tem o objetivo de lhes aliviar as dores e males os quais as mesmas estão sentindo e a associação que se faz no cérebro destas crianças é a de que um agente externo (substância química) alivia o sofrimento e foi oferecido justamente pelos pais. Mas se a maioria das famílias faz uso de medicamentos para aliviar seus males e os males de seus filhos porque, então não são todos dependentes de substâncias. O que ocorre na verdade é a forma de relação, ou melhor, a dinâmica familiar que é utilizada para se relacionar com as substancias químicas. Algumas famílias adotam um comportamento permissivo em relação às substâncias, utilizando-as como alternativa para a solução imediata de suas angústias. Os exemplos familiares são muitos, desde o pai que chega em casa com ares de raiva, estresse ou mau-humor e recorre a um copo de uísque ou comprimidos para dor de cabeça até uma mãe que para emagrecer faz uso de remédios moderadores de apetite ao invés de exercícios físicos regulares. Outro fator recorrente é a falta de diálogos sobre os problemas de uso de substâncias químicas, mesmo os remédios. Quantos pais informam seus filhos sobre a necessidade de se tomar remédios somente quanto houver doenças?
Estes fatores estimulam, na criança um falso entendimento de que para qualquer problema existe uma substância a ser usada que trará a solução imediata, e estas informações definem na criança traços de comportamento relacionados ao uso de substâncias que para serem mudados na vida adulta são muito mais difíceis.
Outro fator não menos relevante e que também diz respeito à família é a forma de criação que é dada aos filhos. Em uma família onde pais são ausentes, extremamente autoritários, violentos, imaturos, desonestos e inconseqüentes pode-se criar uma lacuna na personalidade dos filhos, seria como se uma peça de quebra-cabeça faltasse para que o sujeito pudesse desempenhar seus papéis na vida e esta falta necessitaria ser preenchida com algo para que o sofrimento da falta fosse amenizado.
Os aspectos culturais também tem sua parcela de contribuição na construção de dependentes químicos. Inúmeros fatores podem ser relacionados, citemos, apenas alguns exemplos: quando o sujeito sente a necessidade de pertencer a determinado grupo e para que isso ocorra tem de usar drogas. A relação amorosa que só se concretizará se houver aceitação da droga nesta relação. As propagandas e programas que fazem apologia as drogas vendendo imagens de felicidade relacionadas a mesma. A facilidade e disponibilidade com se encontram drogas hoje.
Existem também a condição de pré-disposição genética que afirma que filhos cujos pais tenham tido histórico de abuso de substâncias são mais suscetíveis a fazer uso de drogas.
Entremos agora na identificação do usuário de drogas e as características apresentadas pelo mesmo que propiciam uma identificação do uso abusivo de drogas.
Identifica-se o usuário de drogas quando este apresenta alguns comportamentos muito característicos tais como: Inquietação, irritabilidade, ansiedade, cacoetes, perda de interesse por atividades rotineiras, troca o dia pela noite, insônia, perda de apetite ou apetite exagerado, sono prolongado, descuido com aparência e higiene pessoal, agressão, mudança de amizades e relacionamentos, falta de relacionamento com familiares, sinais de cansaço, olheiras, olhos avermelhados, necessidade constante de dinheiro e manipulação. Estas são algumas identificações gerais que apresentam os usuários de drogas.
Das características apresentadas podemos identificar algumas que estão presentes na grande maioria dos usuários. O usuário de drogas geralmente apresenta comportamento impulsivo, não tem paciência em esperar que as coisas aconteçam normalmente. A ação e o efeito rápido provocado pelo uso de drogas substitui a ação normal dos fatos. O dependente apresenta incapacidade de enfrentar problemas, frustrações, e muitas vezes recorre as drogas para enfrentar a angústia, de forma a buscar sempre a gratificação imediata, pois não aprendeu a controlar o impulso com o pensamento. Geralmente usa de alguns mecanismos para com as pessoas de forma a manipulá-los. Ilude-se a respeito de sua condição e nega a realidade, não admite a dependência química, acha pode parar quando quiser .Justifica seus comportamentos insanos, negando a realidade e a causa do comportamento, que é a droga. O indivíduo minimiza o problema, levando a se iludir sobre sua própria condição. Projeta suas dificuldades nas outras pessoas, e vê características dos seus comportamentos nos outros, de forma que as pessoas que o rodeiam é que são o problema. (Cruz Azul No Brasil, 2000)
A possibilidade de identificação do dependente químico nem sempre é muito fácil, requer uma constante observação para que se possa verificar se o mesmo se enquadra na maioria dos comportamentos e atitudes citadas acima. Uma avaliação psicológica ou psiquiátrica é sempre valida para que se possa identificar corretamente o dependente químico.


Dependência Química e Família:

Quando falamos em dependência química sempre nos vem a mente o quadro do dependente químico, as drogas, os problemas gerados pelo uso e a situação degradante em que o usuário se encontra. Mas não podemos esquecer que assim como o dependente se encontra em estado de desequilíbrio a família do mesmo se encontra da mesma forma pois a desestruturação causada pela droga ou álcool afeta não só o dependente mas todo o núcleo familiar em que o mesmo esta inserido.
O impacto que a família sofre com o uso de drogas por um de seus membros é caracterizado por varias reações que vão ocorrendo no núcleo familiar e pelas quais a família atravessa nem sempre sabendo como defender-se ou solucionar o problema.
Em um primeiro momento, do uso de drogas por um dos familiares a família tende a negar o fato, evitando falar sobre o problema e conseqüentemente a comunicar-se menos entre si, é o que chamamos de mecanismo de negação. O mecanismo de negação é uma defesa da mente que tem a finalidade de preservar a energia psíquica para questões com as quais não se sabe lidar, isto é, para problemas que não se sabe resolver. Mas esta negação leva a família a um aumento de tensão. A família, se apercebendo do fato da persistência do problema entra em situação de “alarme”, e iniciam as primeiras tentativas de solucionar o problema.
É quando ocorre as intervenções familiares tais como: tentativas de controlar o uso da droga, aconselhamentos, brigas, discussões, busca de respostas para o problema e promessas de interrupção de uso que sempre estão associadas a mentiras e manipulação por parte do dependente para com os familiares.
A família se vê então derrotada em sua tentativa de frustrar o uso de drogas, é quando afloram complexos emocionais rígidos por parte de todos os integrantes e inicia-se o processo de desestruturação familiar propriamente dito. Os pais assumem papéis de afastamento ou super-proteção para com o filho dependente, ou a esposa assume papel de mantenedora da casa para suprir as necessidades do marido alcoolista, ou ainda ocorrências mais graves com problemas de saúde, distúrbios de comportamento que levam a situações calamitosas dentro do núcleo familiar.
Tais situações levam toda a família a se perder em um emaranhado de conflitos íntimos e relacionais que a capacidade de pensamento e sentimentos fica completamente prejudicada ocasionado uma doença em toda família, seria como se toda a família estivesse dependente da situação dependência química. A necessidade de tratamento dos familiares do dependente químico muitas vezes é necessária para que se possa estabelecer novamente esta capacidade de autonomia dos membros da família e sua continuação nos papéis de sócias, familiares, amorosos, etc.
A família deve procurar tratamento psicológico adequado, independentemente do dependente estar se tratando ou não para que esta possa continuar saudável e estruturada.


O Tratamento:

A questão do tratamento para dependentes químicos esta sendo cada vez mais discutida em todos os setores da saúde e entre os órgãos governamentais, estendendo-se até a sociedade civil organizada que já participa ativamente das discussões sobre a necessidade resolverem problemas relacionados as drogas.
Iniciemos a explanação com uma pergunta: Todo dependente químico precisa de tratamento ou é possível interromper o uso de drogas sem tratamento? Esta pergunta remete a uma crença geral da população e principalmente dos dependentes em que o pensamento principal é refletido na possibilidade de interromper o uso quando bem desejar. A possibilidade de um dependente parar de usar drogas por espontânea vontade pode ocorrer, dependendo do grau de dependência que este apresente, mas mesmo com esta interrupção o mesmo necessita de tratamento para reorganizar sua mente.
Então todo dependente químico precisa de tratamento? Sim. A resposta afirmativa remete a questão de que devido ao uso de drogas o sujeito perdeu, ou transviou questões relativas ao comportamento que precisam ser reestruturadas através de tratamento.
Das formas de tratamento existentes hoje, podemos citar a intervenção psicoterápica, a psiquiátrica, a internação em instituição competente e os programas de auto-ajuda.
Para sabermos qual deve ser o tratamento adequado para o dependente faz-se necessária uma avaliação por um psicoterapeuta ou um psiquiatra para que o mesmo verifique em que grau de dependência e comprometimento comportamental o usuário de drogas se encontra, após esta avaliação o profissional sugere ao paciente (dependente químico) o local mais indicado para seu tratamento.
Todo tratamento em dependência química requer abstinência, isto é, requer interrupção completa do uso de qualquer substância psicoativa (droga, álcool, remédios), sem isso o tratamento torna-se, se não impossível, provável de falha devido à futuras recaídas.
As recaídas são o retorno as drogas após o tratamento, são freqüentes as recaídas não só por tratamentos mal sucedidos, mas pela falta de mudança de comportamento do dependente. Para que haja um tratamento bem sucedido é necessária uma mudança de comportamento do dependente, novos conceitos devem ser assimilados, velhos comportamentos serem transformados e novos valores de vida adquiridos, assim como vários outros fatores que compõe cada forma de tratamento e que variam entre o dependente e o responsável pelo tratamento.
Existe um tratamento cem por cento eficaz? Não, todos os tratamentos tem sua eficácia mas todos eles dependem de um fator primordial que é a vontade do dependente de efetuar em si uma mudança real e duradoura de comportamento em relação a sua dependência.
Todo dependente químico deve procurar tratamento, e os familiares o devem também para que se restabeleça a ordem psíquica dentro da família e as recaídas sejam prevenidas.


Estatísticas:

De acordo com o “World Drug Report” (2007), instituto especializado em coleta de dados sobre drogadição e trafico de drogas no mundo, a situação do mundo até a ultima coleta de dados era a seguinte:
- Usuários esporádicos de drogas ilícitas = 300 milhões (4,8% da população mundial.)
- Usuários que apresentam problemas por uso de drogas = 25 milhões 0.6% da população mundial.)
- Usuários de maconha = 158.8 milhões
- Usuários de anfetaminas = 24.9 milhões
- Usuários de ectasy = 8.6 milhões
- Usuários de cocaína = 14.3 milhões
-Usuários de derivados de ópio = 15.6 milhões
- Usuários de heroína = 11.1 milhões
No Brasil as drogas ilícitas mais usadas são a maconha, cocaína e anfetaminas. Os dados estatísticos brasileiros são ainda imprecisos ou pouco divulgados o que se sabe é:
Segundo a DATAPREV, em 1989, de 205.363 indivíduos internados por uso de drogas em hospitais psiquiátricos, 95,6% (196.324) foram devido ao álcool e 4,4% (9.039) pelas demais drogas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1991).Com a prevalência durante a vida entre 7,6% a 9,2%, e dez vezes mais freqüente em homens do que em mulheres, o alcoolismo é um dos problemas mais importantes de Saúde Mental no Brasil (ALMEIDA FILHO e cols., 1997).
As capitais diferiram em relação ao derivado predominante como, por exemplo, o crack em São Paulo e em Recife, a merla em Brasília e em Goiânia, e o cloridrato (pó aspirado) no Rio de Janeiro. O consumo de medicamento psicotrópicos (como Rohypnol®, Artane® e Benflogin®) foi mencionado principalmente na Região Nordeste. Embora na média brasileira, o uso no mês tenha sido citado por 5% dos jovens, atingiu, por exemplo 31,3% em Recife. (Cebrid - Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas).
O último levantamento feito pelo Cebrid, revela que 50% dos estudantes brasileiros entre 10 e 12 anos já consumiram bebidas alcoólicas, 11,6% com mais de 12 anos já usaram drogas.
O Brasil é um dos países emergentes no mercado internacional do consumo de drogas, há cinco anos não aparecia na lista dos maiores consumidores de cocaína e agora ocupa o segundo lugar mundial, com cerca de 100(cem) toneladas por ano, de acordo com dados do governo brasileiro.
Os dados coletados a nível nacional ainda são feitos por região e prevalência de uso, e até onde é sabido não foi feita uma compilação para melhor entendimento do consumo de drogas no Brasil.


Conclusão:

As drogas são, hoje um problema de saúde pública em todos os países do mundo e seu consumo tem aumentado a cada dia, a faixa etárias de usuários de drogas tem diminuído, e as drogas estão se tornando cada vez mais elaboradas e com potencial dependencial aumentado. Buscam-se soluções tanto no Brasil com em outros países para este problema que se torna endêmico e movimenta bilhões de dólares em investimentos para soluções, mas até o momento tem-se conseguido pouco resultado para minimizar ou diminuir os danos e problemas causados pelas drogas. Faltam campanhas de conscientização e elucidação em relação as drogas, e pouco investimento para combater tanto o tráfico de drogas quanto o tratamento de dependentes químicos.
Os vários tipos de tratamentos disponíveis, tem tido resultados satisfatórios a longo prazo recuperando pessoas da dependência química, e a sociedade tem tido um pouco mais de consciência da necessidade de tratamento para os dependentes químicos.
Este trabalho vem contribuir para a melhor elucidação do problema do uso de drogas, priorizando o melhor entendimento sobre as drogas e as possibilidades de tratamento para aqueles que necessitam, colocando nas mãos de dependentes químicos e familiares a ferramenta para uma vida livre da escravidão das drogas.
Ajudar-se ou ajudar outros começa pela conscientização do problema, e a procura de ajuda, dando estes passos a possibilidade de sucesso se torna possível.


Referências Bibliográficas:

- FIGLIE NELIANA BUZI, BORDIN SELMA, LARANJEIRA RONALDO “Aconselhamento em Dependência Química”, Ed. Roca, 2001
- GIGLIOTTI ANALICE, GUIMARÃES ANGELA, “Dependência, Compulsão e Impulsividade”, Ed. Rubio, 2007
- BRAUN IVAN MARIO, “Drogas perguntas e respostas”, MG Editores, 2007
- CARNEIRO HENRIQUE, “Pequena Enciclopédia das Drogas e Bebidas”, Ed. Campus, 2005
- “World Drug Report”, 2007




Dados do Autor:

Bruno krüger Pontes, psicólogo clínico formado em 2001
Especialista em Psicologia Analítica
CRP – 08/08867